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Artista visual, arteira desde sempre. Amo moda, fotografia, desenho, teatro, dança. E mais tantas outras coisas, mas...Acima de tudo, amo a liberdade de ser eu mesma!!!!!

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sábado, 5 de maio de 2012

Apontamentos... parteIII

Imagem: Beatriz Martin Vidal

Desde já, aviso aos acadêmicos de plantão, que tenho plena consciência da minha falta de normas e regras de apresentação e disposição de referências bibliográficas... Eis mais algumas leituras da semana, nesse início de noite!

Do livro: O Ator e o Método, de Eugênio Kusnet:

Cap. V

p.67:

[...] O que importa na nossa arte não é somente o sentido das palavras que pronunciamos em cena. Os sons, a combinação dos sons que formam a palavra também são de enorme importância no nosso trabalho: quanto mais expressiva for a palavra pelas características peculiares de seus sons, tanto mais contribuirá ela para a expressividade da ação.

p.68:

[...] O ator que tem por hábito cuidar de tudo que possa ser útil ao seu trabalho, deve acostumar-se a apreciar os sons das palavras, usar esse valor sem esforço, por simples hábito; deve aprender a amar a sua língua e apreciar a sua expressividade que em última análise, sempre consiste na harmonia entre significado da palavra e o seu valor sonoro.
Como são felizes os atores que sabem sentir e encontrar no texto sons que lhes ajudem a interpretá-lo. Claire Bloom em "Romeu e Julieta", encenado pelo teatro "Old Vic", deu exemplo disso na "cena da sacada". O trecho a que me refiro é o seguinte:
My bounty is as boundless as the sea;
My love is deep; the more I give to thee,
The more I have, for both are infinit.
Esse "infinit" ela o pronuncia com cinco "enes": "innnnnfinit..." o que comunica à fala realmente um sentido de movimento para o infinito, para a eternidade.

[...] um caso que aconteceu com a conhecida atriz polonesa Stepinska que trabalhou no elenco de "Os Comediantes" sob a direção de Ziembinski em colaboração administrativa com Brutus Pedreira.
Durante um ensaio ela pronunciou: " E as arvóres em flor..." Brutus corrigiu: "Árvores". A atriz olhou friamente e disse: "Não senhor, arvóres"
Brutus insistiu: "Stepinska, eu sou brasileiro e você mal fala português. Eu sei como se deve pronunciar: "árvores!" - "Não senhor, você está muito enganado: arvóres!" - "Mas por quê?" E a resposta foi: "Porque é mais bonito!" E realmente, não lhes parece que a palavra "arvóres" é mais sonora do que "árvores"? A teimosia absurda da atriz só pode ser explicada pelo seu hábito de sempre procurar a maior expressividade sonora em qualquer língua.

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