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Artista visual, arteira desde sempre. Amo moda, fotografia, desenho, teatro, dança. E mais tantas outras coisas, mas...Acima de tudo, amo a liberdade de ser eu mesma!!!!!

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domingo, 6 de maio de 2012

Apontamentos... parte V

Imagem: Beatriz Martin Vidal

Desde já, aviso aos acadêmicos de plantão, que tenho plena consciência da minha falta de normas e regras de apresentação e disposição de referências bibliográficas... Eis mais algumas leituras da semana, nesse início de Domingo!

Do livro: O Ator e o Método, de Eugênio Kusnet:

Cap. VII

p.87:

[...] A natureza inteira é organizada na base do ritmo, a começar pelo movimento dos astros e terminando pelo movimento das amebas. Tudo no mundo obedece ao ritmo.
O homem primitivo sentia a presença do ritmo em tudo: na regularidade do movimento do sol, da lua, do ruído da chuva ou de uma cascata, nas pulsações do próprio coração. Assim os sentimentos do homem primitivo também passaram a obedecer ao ritmo, principalmente nas primeiras manifestações religiosas, nos cantos e nas danças rituais que, pouco a pouco, se transformaram em ação teatral que, por sua vez, continuou a obedecer ao ritmo.
Não há pois dúvida que a prosa em teatro também deve obedecer ao ritmo. Sei, que no início, é difícil de se convencer disso. Como podemos encontrar ritmo, cuja presença é tão evidente nos versos de poesias, como encontrá-lo naquilo que é antônimo da poesia, na prosa?
Realmente, não é fácil, porque os atores do teatro falado que, ao representar, conseguem agir e falar dentro de um "tempo-ritmo" certo, chegam a esse resultado de maneira geral, intuitivamente e não conscientemente. Nessas condições eles têm dificuldade em constatar e fixar o tempo-ritmo obtido.
Mas o tempo-ritmo que eles criam existe! É preciso que eles saibam usá-lo à sua vontade!
É impressionante o exemplo de Shakespeare. Em suas obras freqüentemente passava da prosa à poesia, e vice-versa. Ator inato que era, sentia que num determinado trecho da peça, havia necessidade de um ritmo mais nítido, que a ação da cena o exigia.
O mesmo podem e devem fazer os atores, sem que, para isso, seja necessário alterar o texto da obra. Eles podem colocar ritmo mais nítido dentro de sua interpretação no papel, tornar o texto da prosa mais ritmado, quando as "Circunstâncias Propostas" o exigirem.

p.88:

[...] Em cinema os atores representam cenas que são filmadas em espaços de tempo relativamente curtos; essas cenas são ligadas entre si em "copiões"; faz-se a dublagem dos diálogos, colocam-se os sons suplementares, etc.; ligam-se os "copiões" e o filme está quase pronto. Falta apenas a música. Chega um compositor, assiste à exibição do filme e depois escreve e grava a música.
Sabemos que a música é composta de harmonia, melodia e ritmo. Onde é que o compositor poderá encontrar o ritmo para a sua música? É evidente que só poderá encontrá-lo na ação que se desenrola no filme, inclusive, bem entendido, no comportamento físico e nas falas dos intérpretes dos papéis. Portanto o compositor não inventa um ritmo novo, ele sublinha, completa e em parte, corrige o ritmo já existente, criado pelos intérpretes intuitivamente.
Mas, se em vez de assistir ao filme pronto, o compositor recebesse apenas o "script" para o qual devesse escrever um "fundo musical"? Esse "fundo musical", criado por um bom músico, certamente seria de grande utilidade para os intérpretes dos papéis, porque os faria sentir o tempo-ritmo da sua ação no filme.
E se o próprio ator tivesse essa capacidade de criar o "fundo musical" para cada cena do filme? Se ele, a exemplo do compositor, conseguisse "pensar musicalmente" enquanto improvisasse as cenas do seu papel? O seu tempo-ritmo estaria pronto muito antes dele enfrentar a câmera.

p.96:

[...] É preciso que o ator confie no poder criador da natureza. É preciso que ele saiba estabelecer condições em que a própria natureza possa criar através dele. A condição essencial para isso é a espontaneidade do ator. Essa condição só é conseguida através do uso de improvisações, e é exatamente dentro de uma ação improvisada que nasce o tempo-ritmo. E então basta que o ato saiba fixá-lo para que o problema seja definitivamente resolvido.



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