Relatório de aula: 17/09/09
A aula foi muito relaxante. Gostei do Cristiano, e já não são mais surpresas as tantas surpresas da vida... Parecia que ele já era da turma desde a primeira aula!
Quando o Cristiano fez a primeira dança, foi um constrangimento para muitos, algumas colegas não paravam de falar e ficaram nervosas pelo fato dele estar quase nu. Gostei muito do que vi,foi como um espetáculo particular!
Quando começamos a relaxar, acompanhamos os movimentos dele, percebi que não fazia exatamente o que ele fazia e vi que isso não interessava, mas sim acompanhar sua movimentação, mas não imitá-lo.
Por sorte não tínhamos que fechar os olhos, isso talvez me levasse para algum lugar.Quando eu era menor (isso parece a Bozena em Pato Branco) aos quatro anos, eu era a vergonha da minha turma de balé. Ao final de cada aula, a professora Iara propunha um relaxamento, com olhos fechados, movimentando os braços , paradas no mesmo lugar. Bastava ela colocar a música e eu fechar os olhos para apagar. Não sei por quanto tempo eu ficava nesse transe, não lembro nada, simplesmente apagava , mas continuava movimentando os braços ao som da música que já havia terminado há tempo, e, como sempre, eu acordava com os gritos e chacoalhões das colegas , da professora e até a minha mãe, que era chamada quando a professora já não tinha mais forças.
Adorei fazer o exercício de “moldar” os movimentos do Cristiano, enquanto ele dançava. Exigiu total concentração e movimentos simultâneos, fez lembrar a aula magna, em que eu tive que ouvir, anotar e ver duas projeções simultaneamente. Nesse exercício eu tive que ver, ouvir, sentir e mover as mãos, ao mesmo tempo. Lacrimejei, não conseguia mais piscar os olhos.
Ao ver nossos movimentos gravados, vi quão rica a aula pode ser. Eu imaginava, por exemplo, que o Fernando desenhasse com extrema rapidez e é como se ele gravasse na memória sempre o último movimento da dança e passasse no papel, mesmo rápido, com muita calma!
Ver o Cristiano em ação foi uma das surpresas da semana, fiquei muito feliz em ver alguém tão plenamente envolvido com seu trabalho, que, na minha opinião, é um dos melhores trabalhos do mundo.
Agradeço muito a atenção que me deram, em ouvirem um pouco do muito que eu não disse, e nem fiz questão de dizer, pois estragaria uma noite tão legal!
O fato é que eu pedi para sair da escola naquele mesmo dia (o que contribuiu muito para meu bem estar). Eu sei de muitas coisas podem ser feitas para a melhoria de um trabalho, posso dizer que já tentei muitas vezes mudar, a mim mesma, ao invés de querer mudar os outros. Porém, há coisas que são muito fortes para mudar, inclusive o fato de que me acomodei com o curso Normal e que continuei trabalhando em escolas, mesmo depois de ter me formado e ter certeza de que não é o que eu quero para minha vida.
Durante todo esse tempo, a única coisa que me motivou a compartilhar experiências e querer realmente inovar em tantos sentidos, foi o teatro, enfim, o palco, o canto, a dança.
Vestir, fazer e pensar soluções para a arte cênica é desafiador, compensador, uma cachaça. Cor, luz, movimento, sentimento, ação, brilho, emoção, novidade. Imagens. Fazem parte do meu mundo. Pode ser banal para muitos, mas é o que me faz ter sangue nas veias e sentido à minha vida.
É bom saber que nós colaboramos de alguma forma para fazer sentido a tua vida (Ana). E são momentos como esse que me fazem ter certeza de que somos parte de uma rede infinita de encontros felizes. Se alguém cruza nossa vida, é para compartilhar sua beleza. Temos um encontro com a beleza da vida.
Como foi difícil desenhar o Magnus, se ele pudesse, desapareceria. Ele deu todas as desculpas possíveis para não posar pra mim. Só consegui fazer dois desenhos e foram muitos, finalmente... Melhor do que nada! Rápido e indolor, tenho que tentar mais vezes, pra ele se acostumar, e eu também, os dias passam rápidos demais, temos que eternizar os bons momentos.
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