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Artista visual, arteira desde sempre. Amo moda, fotografia, desenho, teatro, dança. E mais tantas outras coisas, mas...Acima de tudo, amo a liberdade de ser eu mesma!!!!!

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sexta-feira, 9 de julho de 2010

Diariamente...



Fonte: Blog CosacNaify-http://editora.cosacnaify.com.br/blog/

"Meu nome é Louise Josephine Bourgeois. Nasci em 24 de dezembro de 1911, em Paris. Toda a minha obra nos últimos cinquenta anos, todos os meus temas, foram inspirados em minha infância. Minha infância jamais perdeu sua magia, jamais perdeu seu mistério e jamais perdeu seu drama."

O trecho está em Louise Bourgeois - destruição do pai, reconstrução do pai (Cosac Naify, 2000) e deixa clara a principal fonte de criação da artista plástica francesa, morta hoje (31 de maio de 2010), aos 98 anos, na cidade que mais amava, Nova York, onde vivia desde 1938. O livro reúne cartas, poemas, entrevistas e os profusos diários de Bourgeois - ela escrevia com frequência, atividade que lhe era quase tão importante quanto o desenho e a escultura. Tinha medo de ser mal-interpretada, mergulhava profundamente - e não sem angústia - na tarefa de se fazer compreender. O reconhecimento internacional de sua obra veio tardiamente, já na maturidade, e talvez por isso não houvesse tempo para mal-entendidos. "Quero explicar por que realizei tal peça. Não entendo a razão de os artistas dizerem qualquer coisa porque supõem que o trabalho fala por si; e o que quer que digam sobre ele soa como uma desculpa, como algo desnecessário."
Amiga de Miró, Breton e Duchamp, a artista se definia como uma "mulher muito concreta", que não confiava inteiramente nas palavras, as via como um recurso limitado para dizer tudo aquilo que desejava. "Sofro por causa do modo como as palavras esgotam a si mesmas", ela dizia. Ou tentava dizer. Mesmo assim - ou por isso mesmo - ao lê-las ou ouví-las, ficamos diante de um enfrentamento cheio de beleza, assistimos com deleite a uma "auto-expressão sagrada e fatal".

Como última homenagem, deixamos ao leitor alguns dos trechos de Louise Bourgeois - destruição do pai, reconstrução do pai

"Meu trabalho inicial é o medo de cair. Depois se tornou a arte de cair. Como cair sem se machucar. Mais tarde é a arte de se manter no ar."


"Quando eu estava crescendo, todas as mulheres em minha casa usavam agulhas. Sempre tive fascínio pela agulha, o poder mágico da agulha. A agulha é usada para consertar os danos. É um pedido de perdão. Nunca é agressiva, não é uma ponta perfurante."

"Minhas facas são como uma língua - eu te amo, eu te odeio. Se você não me ama, estou pronta para atacar. Elas têm fio duplo."

"A espiral é uma tentativa de controlar o caos. Tem duas direções. Onde você se coloca, na periferia ou no vórtice? Começar pelo lado externo é o medo de perder o controle; as voltas são um aperto, um recuo, uma compactação até o ponto de desaparecimento. Começar pelo centro é afirmação, o movimento para fora é a representação de dar, de abandonar o controle; de confiança, de energia positiva, a própria vida."

"Eu preciso de minhas memórias. Elas são meus documentos. Eu as vigio. São minha privacidade e tenho um ciúme intenso delas. [...] Lembrar-se e devanear é negativo. É preciso diferenciar entre as lembranças. Você vai na direção delas ou elas vêm em sua direção? Se vai a elas, está perdendo tempo. A saudade não é produtiva. Se elas vêm a você, são as sementes da escultura."

"Minha mãe ficava sentada ao sol e consertava uma tapeçaria ou bordava. Realmente adorava isso. O sentido de restauração me é muito caro."

"A vida do artista é a negação do sexo. A arte vem da incapacidade de seduzir. Sou incapaz de me fazer amada. A equação é na verdade sexo e assassinato, sexo e morte."

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